Em oito meses, pescadores removem 100 toneladas de resíduos da Baía de Guanabara

Superando as expectativas, os pescadores da Praia dos Bancários e da Colônia Z-10, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, alcançaram a meta inicial de coletar 100 toneladas de resíduos da Baía de Guanabara em dezembro de 2022, no projeto executado em parceria com a Ogyre, empresa social italiana focada na recuperação de resíduos do oceano. A segunda e atual fase do projeto terminará em março deste ano. Até lá, quanto resíduo os pescadores irão remover da Baía?

Desde seu início, em novembro de 2021, os pescadores removeram diversos tipos de resíduos do mar e dos manguezais da pitoresca, mas altamente poluída, Baía de Guanabara. Diariamente, 98 toneladas de resíduos chegam à Baía através dos rios de efluentes, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe, 2022). No contexto da grave poluição, não é de admirar que os pescadores tenham excedido sua meta inicial, mas isso não seria possível sem o trabalho árduo deles, a começar pelo aprendizado das novas habilidade para o trabalho.

“Nós batemos a nossa meta de coletar 100 toneladas de lixo. É trabalhoso? É, mas vale a pena, e estamos vendo o resultado. Lugares que passávamos no manguezal há cinco meses atrás e era um absurdo de lixo, hoje agora são áreas limpas, inclusive caranguejos voltando a habitar os mangues. E isto é resultado do nosso trabalho nesse projeto maravilhoso que ofereceram pra gente.” Francisco Alves da Silva, pescador da praia dos Bancários, na ilha do Governador.

Os pescadores retiram do mar e manguezais diversos resíduos, e depois realizam a triagem. Eles já classificaram desde montanhas de chinelos até grandes itens como eletrodomésticos, vasos sanitários, colchões e até resgataram vários sofás atolados nos mangues, vegetação extremamente importante para os ecossistemas costeiros. “Muito ainda há de ser feito e muitas toneladas ainda estão espalhadas pela Baía de Guanabara”, disse Juliana Miranda, analista de economia circular da BVRio.

O projeto apoia 25 famílias de pescadores locais, gerando renda para a correta disposição dos resíduos, inclusive enviando parte para reciclagem. Pedro Succar, especialista em economia circular da BVRio, destacou o importante impacto social do projeto, uma vez que os pescadores não conseguem mais tirar o seu sustento apenas da pesca. “O projeto tem sido a fonte de sustento deste grupos”, disse Pedro.

Antonio Augeri, CEO da Ogyre, explica que a empresa social criou “uma cadeia de valor sustentável para coletar plástico do oceano, possível graças aos pescadores e organizações como a BVRio, que tem experiência em projetos internacionais e mantém um bom relacionamento com as comunidades locais em que atua”.

Além disso, a BVRio facilita o monitoramento do trabalho de coleta por meio do aplicativo KOLEKT, desenvolvido com a nossa parceira estratégica Circular Action, que registra as quantidades de material coletada pelos pescadores num formato eficiente para verificar e certificar a recuperação e a reciclagem dos resíduos, conforme normas reconhecidas.